Ora, aquelas conversas que muitas vezes temos que ouvir sobre a gravidez excelente ou horrível que alguém teve ou os partos inimagináveis desta e da outra, só se aplicam quando as mesmas conversas vem de alguém conhecido.
Na verdade, quando uma grávida entra numa loja ou nalgum sítio onde possa passar à frente de alguém com o seu estatuto prioritário, passa a ser um alvo a ignorar!
Tanto nesta gravidez (que ainda só vai a meio) como na outra, raramente fui alvo do estatuto prioritário. Tirando os serviços onde há senhas especiais e aí não há como, noutras situações, nada.
Verdade que, como diz o meu marido, eu não me faço valer dos direitos, sou daquele tipo de grávidas que acha que a cidadania de cada um deveria fazer com que quando uma grávida lhe aparece à frente pudesse automaticamente ultrapassar sem que fosse necessário lembrar que tem esse direito, agora por lei.
Também, e por não gostar de estar a pedir para passar a frente, acho que enquanto consiga ou possa, deixo-me ficar na fila e escuso de "gastar" a vez de alguma outra grávida mais grávida que eu. Tal como também faço com os lugares prioritários nos estacionamentos.
Mas a verdade é que, já fui alvo de algumas situações que, apesar de caricatas, mexem com o meu sistema nervoso, por perceber que, realmente as pessoas (pelo menos aquelas que passaram por mim) estiveram no seu pior como cidadãs.
Ainda ontem quando entrei na farmácia, estava uma senhora a ser atendida e outra a espera. Eu entrei calmamente e tirei uma senha como qualquer ser humano.
Tal não é o meu espanto quando percebo que a senhora que estava para ser atendida antes de mim entrou num estado de nervos tal que não parou de olhar para mim ao mesmo tempo que avançava para cima da senhora que estava a ser atendida, mostrando pela linguagem corporal que nem por sombras me ia deixar passar a frente.
Claro que esperei pela minha vez, por acaso ao lado do sinal das prioridades, aguardando para ver a reacção do farmacêutico que querendo evitar alguma discussão ignorou o meu "estado de graça" e atendeu em primeiro lugar a senhora deliberadamente.
Neste caso o mais provável era nem passar à frente de ninguém, principalmente se a atitude da senhora fosse deixar-me fazê-lo. Só estava uma pessoa à frente e não me cai nada em esperar um pouco.
Sendo que, na maioria das vezes não peço para passar à frente de ninguém, esta e outras situações parecidas incomodam-me pelo simples facto das pessoas estarem cientes do que estão a fazer e simplesmente decidirem ignorar a decência e a boa educação.
Nos supermercados é típico simplesmente ignorarem as barrigas, mas até já fui banida da fila dos prioritários numa companhia de avião com um belo raspanete! (Que de quem nunca pede prioridade foi uma das maiores vergonhas da minha vida!!)
Muitas vezes e correndo o risco de estar errada, acho que a
responsabilidade de quem está atrás do balcão não deve ser descuidada e
devem ser os primeiros a dar o exemplo no cumprimento desta medida e não
só aceitar os pedidos de atendimento prioritário. Agora com o fim das caixas prioritárias com a justificação que somos sempre prioritárias lá se foi a réstia de esperança! ahahaha
Será assim tão complicado ser-se gentil para ou outros? Como é que ensinamos os nossos filhos (e eu neste caso os filhos dos outros) a serem cuidadosos com os outros, olhando para fora do nosso umbigo, se nas ruas o que se vê são exemplos destes.
Claro está que, estas senhoras e senhores que não priorizam ninguém, no dia em que tiverem direito à prioridade vão ser os primeiros e exigi-la, porque simplesmente é um direito que tem e não vão deixar isso escapar.
Enfim, maravilhas da nossa sociedade! Espero no entanto que as minhas experiências menos positivas sejam uma excepção à regra, ficaria mais descansada e mais satisfeita com a sociedade que estamos a criar para os nossos filhos!