Um momento pelo qual muitos educadores passam no final do ano é a despedida dos alunos.
Ao longo do ano, e a partir de agora falo só por mim, aquela malta acaba por ganhar um lugar dentro de mim, lá no canto onde ficam guardadas as coisas boas da vida.
Sem moralismos é claro que uns ficam mais marcados que outros. Como não deixamos de ser humanos, temos alunos que nos dizem mais que outros. Uns porque também lhes dizemos mais e a relação estreita, outros porque passamos o ano a chamar por eles e outros simplesmente porque sim. De qualquer forma todos eles deixam alguma marca e mesmo perante as dificuldades do dia a dia, dos momentos menos felizes (porque a vida não é nunca um mar de rosas), ganham lugar cativo e acabo sempre por leva-los para casa em mim, com as preocupações, as memórias felizes e as perspectivas de futuro!
Quando a minha filha nasceu a relação entre aluno/filho tornou-se mais exigente. Quando temos um ser nosso entregue a outro alguém querermos que tenha o melhor. Assim, também me sinto na obrigação de tratar os filhos dos outros da mesma forma que gostaria que tratassem a minha filha.
A maternidade muda muitas coisas e não só dentro da nossa casa, dentro da nossa sala o mundo também fica diferente. Nem sempre achamos que sim, mas algo subtil muda e não há como evitar senti-los como a nossa cria sentiria!
Quando o final do ano chega, começamos a sentir aquele sentimento bipolar! Se for um lado já não os podemos ver porque estamos todos (nós e eles) cansados e desejosos das férias, por outro sabemos que aquele nosso mundo dentro da sala vai acabar em breve e teremos que os deixar partir.
Este ano larguei um grupo que vai seguir para o primeiro ciclo! Foram dois anos de trabalho intenso com a minha malta que muitas vezes já só precisávamos de um olhar para nós entendermos! Foi maravilhoso vê-los crescer, vê-los exigir mais de mim, deles e dos outros. Aprendi imenso com eles e juntos criamos um caminho cheio de novidades, projetos, brincadeiras e muito respeito!
Tentei leva-los a aprender a aprender, a aprender a brincar e principalmente a aprender a ser! Ser alguém inteiro e feliz!
No último dia muni-me da minha capa de ferro e ficamos pelo beijinho, até amanhã e porta-te bem! Aqueles abraços quentinhos e suados do passeio vão deixar saudades, mas principalmente quando começar de novo a caminhada e me lembrar de tudo o que ficou para trás! Sei que vou ter imensas saudades deles, mas a verdade é que, tal como os nossos filhos, eles crescem, demasiado depressa e resta-nos saber que demos o melhor de nós!
Por agora fica a vontade de querer férias e a certeza que estão cheios de vontade de seguir em frente!
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