No outro dia falava com uma amiga também com um recém nascido nos braços e ouvi o seu desabafo que também é meu.
Para bem dos nossos filhos nós fazemos tudo. Isso é inegável e ninguém põe em causa. Mas, a que custo fazemos isso?
Quantas vezes, estamos fechadas nos quartos, diariamente a sentir que o mundo se passa lá fora e nós estamos fechadas com aquele pequeno ser, às escuras para ele dormir?
A rotina, sendo muito importante para os bebés, leva-nos muitas vezes a pequenas "prisões" dentro de casa...Estamos ali com aquele pequeno ser a embalar, a amamentar, a trocar fraldas, falar com eles, ou simplesmente vê-los dormir.
É uma ideia romântica de pôr o bebé a dormir e ficar a vê-lo. Mas quantas vezes isso não se torna uma rotina tão rotina que começa a ser demasiado pesada?
Agora o caçula está mais crescido e adormece com mais facilidade à noite. Mas no início ficava muitas vezes "presa" no quarto a ouvir o seu choro e a tentar acalma-lo e adormece-lo enquanto ouvia o pai e a filha cá fora a brincar, ou a conversar.
Mesmo agora, já sei que entre depois do meu jantar fico fechada no quarto com ele. Entre banho, jantar e adormecer passam-se algumas horas em que não vejo ninguém para além dele e muitas vezes dela! Quando estão os dois a rotina ainda fica um pouco mais pesada, apesar de actualmente conseguimos gerir bem o tempo de dormir.
Às vezes, principalmente no início, somos prisioneiras domiciliárias. Ou o tempo está mau, ou o bebé precisa de dormir, ou simplesmente não temos força para sair. São muitas vezes estas as razões para passarmos os primeiros meses em casa, só a olhar para eles.
Mas tudo isto tem um custo para nós. Principalmente para a nossa sanidade mental!
Esta solidão é muito invisível para os outros. Não é perceptível que quando estamos no quarto com os bebés, estamos mesmo sozinhas! Eles não falam connosco, eles choram e muitas vezes só conseguimos mesmo olhar para eles!
Desta vez tenho a sorte de ter duas amigas com bebés nascidos pertinho do meu. Ainda consigo às vezes comunicar nestes momentos, aliviando um pouco a solidão. Mas a verdade é que esses momentos são excepção à regra, o normal é acabarmos por falar com eles e não obter resposta verbal.
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