Ontem participei na primeira sessão de uma serie de encontros para falarmos sobre leitura de livros ilustrados. Foi um encontro descontraído com a Bru (uma excelente contadora de historias), que não só nos levou a conhecer diferentes livros como também me levou a reflectir um pouco sobre o ato de contar histórias.
No final da sessão confessei que a tinha ouvido contar uma história há uns anos, numa escola onde trabalhei, e que nunca mais a tinha conseguido contar a mesma a outras crianças, por sentir que nunca estaria à altura. Disse também que gostava muito que a minha filha a pudesse ouvir contar historias, pois a sua forma de contar toca-nos no nosso fundo e deixa sempre algo de bom, embora soubesse que depois disso a minha filha iria reclamar sobre a minha forma de contar historias.
Ela disse-me uma coisa que entrou em mim e fez todo o sentido. O afecto que os pais e os filhos partilham permitem que as histórias sejam magicas e que lhes toquem com muito mais facilidade que qualquer outra pessoa.
Saí de lá com essa frase a percorrer o meu ser, da cabeça ao coração e de volta à cabeça.
Reflecti um pouco sobre a forma como tenho lido as histórias à piolha. Como agora a hora de deitar é um multitasking, é sempre complicado conseguir contar a história de corpo e alma, com o bebé a chorar ou a mamar ao mesmo tempo.
Senti então em mim uma vontade de contar a tal história. Uma forma de a contar foi-se apoderando em mim e a pouco e pouco a história, que é sobre o amor um bebé, foi-se materializando dentro de mim e entranhar-se na minha pele.
Quando cheguei a casa, tinha os dois à minha espera. Ele sedento de mama (não quis beber do biberon do meu leite) e ela sedenta de atenção. E eu voltava a casa sedenta dos dois! De os cheirar, de os sentir e de os pôr debaixo dos braços!
Com o caçula na mama, contei finalmente o "tanto, tanto!"
Foi tão bom e saiu tão do coração que até o piolho pequeno parou para a ouvir. Se falavam de bebé, deveria concerteza ser para ele!
Quando a história terminou a mais velha quis contar de novo a duas vozes e, cheias de amor, contamo-la ao nosso bebé, que muito atentamente nos ouvia!
E assim, como quem não quer a coisa ganhamos um novo livro preferido! Percebi que para a poder contar faltava-me um bebé a virar o meu mundo do avesso e uma crescida como companhia de leitura!
Continuo a achar que não sairá bem se contar aos meus alunos, mas cá em casa, aos dois amores da minha vida, faz agora todo o sentido!
Sem comentários:
Enviar um comentário