Quando os meus filhos nasceram, no dia em que eles nasceram, senti das duas vezes que deixei o meu corpo entregue à natureza!
Da primeira vez, como ainda havia uma pequena esperança que a miúda nascesse pelo sitio certo e fizemos a indução de parto.
Logo pela manhã começaram as entradas e saídas do quarto. Era o toque, era a indução, era o CTG, era o médico...enfim um corropio de gente que vinha directamente ter comigo e apesar de sempre com cordialidade calma, faziam o que tinham a fazer no meu corpo.
Lembro-me de nesse dia, brincar com a situação e dizer que estavam à vontade, para mexer onde tinha que ser.
Aceitei logo muito cedo que ia doer o que teria que doer e que era para fazer o que tinha que ser feito.
Nesse dia o mais importante era ela estar bem e nascer bem. A cada toque (bastante dolorosos), respirava fundo e pensava nela e no quanto a queria ter comigo.
Acabamos por avançar para a cesariana e aí, ainda com menos poder de gestão de procedimentos, foi olhar em frente e seguir caminho.
Não quero com isto dizer que correu mal, antes pelo contrario. A equipa era optima, senti-me sempre acompanhada e respeitada, mas a verdade é que pouco havia para decidir.
No parto do caçula, já ia preparada para o que vinha ai. Aí, mais do que no primeiro parto, senti que "entregava" o meu corpo à natureza. Era o que tinha que ser.
Iriam doer as picadas, as anestesias, a costura, o peito, as alergias aos pensos. Tudo isso iria doer, mas eu já sabia que ia ser assim e que ia passar. Não valia a pena lutar contra ou esperar que não fosse.
Na realidade a coisa correu pior do que eu esperava com mais dores e mais complicações, mas quando entrei naquele hospital já sabia que nesse dia a dor iria ser companheira de viagem.
Nada melhor do que aceitar a companhia de viagem, para que esta seja relativizada e consequentemente sofrermos um bocadinho menos. Não deixa de doer e de custar, mas sendo algo esperado e sabendo que vai passar em breve, começa a ser um bocadinho mais fácil de superar.
A natureza é sábia, e mesmo sendo cesarianas (que de natureza tem pouco), o nosso corpo está preparado para fazer nascer uma criança e ser forte para superar as dores necessárias para tal.
O corpo devolvido à natureza é um corpo mais calmo, menos tenso e logo aí menos dorido. Tudo passa, felizmente mesmo das situações um pouco mais complicadas, as dores de parto passam e no final de um mês não passam de meras recordações (essas sim, mais ou menos dolorosas).
Será pouco provável passar por outro parto, mas nos dois partos que tive, aceitar a dor física, foi a melhor forma de passar o momento!
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Ainda faltava 1 mês para ele nascer! |
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No dia! Já depois de quase ter desmaiado e já prontinha para o ter... |
Na véspera dela nascer...já no hospital! |
39 semanas dela |
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39 semanas dele! |
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